É algo natural que pais e mães de recém-nascidos se preocupem com a saúde e com o futuro do bebê, o que torna os diversos testes que compõem a chamada triagem neonatal tão indispensáveis. Nesta quinta-feira (6/6) é celebrado o Dia Nacional do Teste do Pezinho, data pela conscientização sobre a importância do exame no diagnóstico precoce de algumas doenças graves, que podem gerar impactos significativos na vida e no bem-estar dos bebês.
O resultado positivo para qualquer uma das doenças
triadas indica grande possibilidade da patologia.
Porém, a confirmação diagnóstica só é feita após
a realização de exames clínicos e complementares
em serviços de referência especializados
Priscylla Mendes, responsável técnica pela Linha Neonatal do Centro Materno Infantil (CMI)
Exame médico utilizado para o diagnóstico precoce de várias doenças em recém-nascidos, algumas, inclusive, raras, o Teste do Pezinho ganha esse nome pela forma de coleta do material. É feito um pequeno furinho no calcanhar do bebê por onde são extraídas gotinhas de sangue, colocadas em um papel de filtro para, posteriormente, serem enviadas para análise. Ele deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de vida do recém-nascido. Quanto mais cedo forem identificadas as doenças, maiores são as chances de tratamento.
De acordo com a responsável técnica pela Linha Neonatal do Centro Materno Infantil (CMI), Priscylla Márcia Mendes, a importância do teste está na descoberta de doenças que podem surgir no futuro. “O objetivo é o diagnóstico precoce e, com isso, a possibilidade de iniciar o tratamento em tempo oportuno, evitando manifestações graves e/ou sequelas irreversíveis, buscando o crescimento e desenvolvimento normais da criança”, afirmou.
O Teste do Pezinho é feito gratuitamente na rede de saúde pública de Contagem, com a coleta sendo feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), para bebês que receberam alta após o nascimento e, no CMI, nos casos em que eles necessitam de internação neonatal. Segundo dados do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), responsável pela análise dos materiais coletados, 5.145 testes foram realizados em 2023, com outras 1.680 coletas já feitas só nos quatro primeiros meses de 2024.
São investigadas 15 doenças diferentes a partir do material colhido no teste: hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, deficiência de biotinidase, hiperplasia adrenal congênita, atrofia muscular espinhal (AME), imunodeficiência combinada grave (SCID), agamaglobulinemia (AGAMA), deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCADD), deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia longa (LCADD), deficiência de proteína trifuncional (DPTC), deficiência primária de carnitina (DPC) e deficiência de acil_CoA desidrogenase de cadeia média (MCADD).
“O resultado positivo para qualquer uma das doenças triadas indica grande possibilidade da patologia. Porém, a confirmação diagnóstica só é feita após a realização de exames clínicos e complementares em serviços de referência especializados. Os centros especializados para essa confirmação e acompanhamento são o Nupad, Hospital das Clínicas da UFMG, Fundação Hemominas e Hospital Infantil João Paulo II”, explicou Priscylla Mendes.
Outros testes da triagem neonatal
Teste do Olhinho: exame simples, rápido e indolor, que consiste na identificação de um reflexo vermelho ao projetar um feixe de luz no olho do bebê. Pode detectar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas, possibilitando a identificação precoce e o tratamento no tempo certo para o desenvolvimento normal da visão. É realizado no CMI em todos os recém-nascidos antes da alta.
O Teste da Orelhinha: é gratuito e feito até o terceiro dia de vida do bebê, podendo identificar problemas auditivos. É determinado por lei que seja feito gratuitamente ainda na maternidade e, para os nascidos fora do ambiente hospitalar, deve ser feito antes dos 3 meses de vida. É indolor, não machuca, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos.
Teste do Coraçãozinho: também realizado na maternidade, entre 24h e 48h após o nascimento. O teste é simples, gratuito e indolor, medindo a oxigenação do sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido. Caso algum problema seja detectado, o bebê é encaminhado para fazer um ecocardiograma e, se constatada alguma alteração, é direcionado para um centro de referência em cardiopatia. O diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento para essa que é a terceira maior causa de morte em recém-nascidos.
Tanto a triagem neonatal, quanto os demais serviços e programas que atendem as gestantes e recém-nascidos de Contagem, são ações do presente que projetam um futuro muito melhor para os cidadãos, confirmando o compromisso da gestão municipal com a saúde e o bem-estar de todos.